domingo, setembro 04, 2005

A gerador...


Ponto alto do programa das comemorações do dia da cidade de Silves era a inauguração da obra de requalificação/restauro do Teatro Mascarenhas Gregório. Ainda não tinham sido reabertas as suas portas e já a polémica se instalara (Local & Blogal). Fui um dos muitos silvenses que não tiveram a honra de receber um convite da C.M.S.. Cidadão anónimo, candidato pela oposição às próximas autárquicas, director de um museu da cidade, um dos que fazendo parte da Associação de Defesa do Património lutou pela reabilitação deste espaço cultural e defendeu o nome do arquitecto que o veio a restaurar, não poderia alimentar esperanças de fazer parte do restrito grupo de vips que receberam convite. Mas, curioso como estava de ali poder voltar e ver o que tinha sido realizado, como bom português torneei o problema. Muni-me de um dos muitos convites que circulavam na candonga. E assim dei a volta à intimidante segurança, cujos rostos me eram familiares, e entrei na restrita sala. O que vi,digo-o já, não me agradou. E começo a enumerar. Não me agradou ver um teatro inaugurado a gerador, ver uma plateia cheia de rostos desconhecidos, forasteiros, alguns pela primeira vez ali entrados. Na sala do teatro os Mendes Bota, as autoridades civis e militares, os não sei o quê daqui e dacoli, e eu. Por pouco tempo, porque o calor era insuportável, a companhia também. Lá fora, no auditório exterior, espaço agradável, o povinho. Ao princípio sem som no écrãn que reproduzia o que se passava na sala, lá se via o maestro Vitorino de Almeida gesticulando, mudo, desconhecedor do que se passava lá fora, onde o barulho do gerador criava agradável envolvência. Até que parou. Longos minutos de silêncio a meio do espectáculo, a debandada do povo resmungando. Mas o gerador voltou a trabalhar. E para fazer ouvir novamente a senhora presidente que, apesar de tudo, e já depois de ter botado discurso inicial onde esqueceu tudo e todos - Filármónica, Gruta, anteriores autarcas responsáveis pela aquisição e classificação do imóvel, arquitecto(s) - menos a sua Câmara, não queria deixar fugir-lhe a ocasião para mais uma vez ser a raínha da noite e, em apoteótico final, depois de mais um frouxo e eleitoralista discurso que sempre a arrepia e a comove às lágrimas, fazer-se doar de um magnífico ramo de flores e ouvir da boca dos seus mais fiéis funcionários, elogios e encómios que fariam pensar, ao comum dos ouvintes, que ela própria andou a carregar baldes de massa durante a obra. O nervoso era tão miudinho, era tanta a escandaleira, que o seu assessor ("yes-man"), a esta cidade chamou vila. São gaffes, são gaffes de quem faz inaugurações a gerador, duma obra que tem, pelo menos, mais um mês de trabalho pela frente, no mínimo. Mas isso é tarde demais para quem tem sobre o seu horizonte imediato o dia 9 de Outubro próximo.

P.S.- Seria injusto terminar sem uma palavra de apreço pelo excelente espectáculo que o maestro Vitorino de Almeida preparou. Pérolas para..., já que o programa integrou, não só bonitas interpretações de temas clássicos de Beethoven a Debussy, como declamação de poemas de alguns dos grandes poetas portugueses: Pessoa, Régio, Ary, Gedeão...

6 comentários:

Marco António I. Santos disse...

É uma situação lamentável a vários níveis.
1) Era a re-inauguração de um espaço público, presente há já largos anos na memória local e de importância histórica para a cidade, e não a de um espaço destinado a um grupo restrito de convidados da autarquia.
2) Se vinha anunciado nas celebrações do dia da cidade fazia parte de um programa público e não privado.
3) É lamentável, mas frequente, em Portugal as obras públicas serem inauguradas de improviso sem todas as condições e acabamentos efectuados. Então se for em ano de campanha política, melhor ainda!

Bem mas como nota positiva vamos acreditar que o Teatro volte a colocar em palco muitos e bons concertos e outros espectáculos ligados às artes de palco sem polémicas semelhantes à da inauguração.

Anónimo disse...

Pérolas para...

Em primeiro lugar, e antes de tecer qualquer comentário a este texto, gostava de deixar claro que estive presente na inauguração do teatro gregório mascarenhas, por iniciativa pessoal, bem como muitos outros cidadãos. Em relação ao artigo do Prof. Manuel Ramos ( que foi inclusive meu professor de história no 5 e 6º ano), eu gostaria de tecer o seguinte comentário:
Quando o Professor refere que nem todos os silvenses "tiveram a honra de receber um
convite da C.M.S", sabe muito bem, que a capacidade instalada não o permitia á priori, mas também sabe, porque se estiver recordado, que todas as pessoas que se dirigiram ao teatro, tiveram oportunidade de assistir ao referido espectáculo, sem serem barrados pelos seguranças que se encontravam no referido espaço; Ponto 2: o facto de o professor não "fazer parte do restrito grupo de vips que receberam convite", coloca-o numa situação semelhante á minha, mas com uma pequena grande distinção, que se resume ao facto de eu não ter localizado qualquer tipo de very important person, vi antes foi um grupo de pessoas que trabalhou árdua e competentemente, para concluir o restauro de um edifício de extrema importância para a cidade!; Ponto 3: Achei igualmente curioso o facto de ter mencionado que tinha visto “uma plateia cheia de rostos desconhecidos, forasteiros, alguns pela primeira vez ali entrados...”. Bom, em relação a isso, eu não sei por onde tem andado o senhor professor, mas eu ainda conheço os meus conterrâneos, e só tenho 24 anos, agora acho estranho, que o professor ( que já deve ter quase o dobro da minha idade, ainda que seja cedo para ter lapsos de memória), que é inclusive candidato ás próximas eleições, não conheça a população do concelho!?; Ponto 4: “...as autoridades civis e militares...”: senhor professor, em relação a este ponto, penso que é brincadeira sua, e se calhar, quando escreveu o artigo estava com certeza a recordar-se de uma aula sua de história, em que referiu alguma matéria relacionada com o regime vigente antes do 25 de Abril...Ponto 5:"E para fazer ouvir novamente a senhora presidente que, apesar de tudo, e já depois de ter botado discurso inicial onde esqueceu tudo e todos": em relação a esta frase, penso que a senhora presidente lembrou-se de quem foi realmente importante na recuperação do teatro e da comunidade silvense, e penso que a mais não era obrigada.
Por último, penso que as “pérolas para porcos” – o sr. Professor não deve ter receio de completar a frase, porque as citações devem ser reproduzidas literalmente – foi uma saída infeliz, mas a isso respondo com outra citação “A boa educação consiste em esconder o bem que pensamos de nós próprios e o pouco bem que pensamos dos outros”

Com os melhores cumprimentos,

Miguel

Manuel Ramos disse...

Caro Miguel
Agradeço o facto de ter participado e aqui deixado o seu franco comentário.
Quero no entanto mostrar-lhe que as coisas não foram bem assim. Primeiro, começando por estranhar que embora não tendo convite tenha entrado para a sala interior do teatro, à qual muitos foram efectivamente barrados (inclusive um funcionário da Câmara) mesmo depois de a sala não ter ficado completamente preenchida; além disso, era despropositado o aparato de segurança que, em lugar de se remeter à zona mais reservada do teatro, se colocou na porta exterior “intimidando” muitos dos populares curiosos que ficaram na rua. E isto não é exagero porque falei com alguns deles, pessoas que até nem conhecia. Em segundo lugar, dos que trabalharam arduamente para que esta obra se fizesse, estavam lá os arquitectos, os outros foram somente lembrados no final pelo arq. Castanheira. Por outro lado, houve muitos outros que participaram, mesmo antes das obras começarem, mas isso talvez o Miguel não saiba, nem a senhora presidente se quer lembrar neste momento. Começo pelo executivo camarário do tempo de José Viola que classificou e adquiriu o edifício (o que a srª presidente escandalosamente omitiu) e a quem (penso) não convidou, os membros da comissão de acompanhamento para a reabilitação do teatro, da qual fazia parte a Associação do Património e que sugeriu o nome do arquitecto, enfim, e alguns outros mais como a Filarmónica e o Gruta que trabalharam ali anos a fio. A estes não houve uma referência. Para esses, a inauguração deste teatro aconteceu primeiro do que a resolução do problema da sua sede, mesmo que o início das obras só se tenha verificado depois de haver um acordo (promessa) com aquele inquilino (a Filarmónica). Quanto a vips ou às autoridades civis e militares, é claro que as vi, até fardadas, ou à civil: o sr. Mendes Bota, que desconheço em que qualidade foi convidado, fica, é claro, entre as civis.
Quando me refiro a vips, faço-o também por confronto de situações entre os que estavam lá dentro e os que estavam cá fora, para onde acabei por vir. Ali, não houve som durante grande parte do espectáculo, a não ser o do gerador, parte (pequena) do espectáculo não foi visto quando houve a quebra daquele e, da sua existência como audiência nem o maestro tinha sido informado!
Finalmente, e até concordando que a referência ao dito popular é abusiva, prefiro à que cita, a de George Orwell : «Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir.»
Um abraço.
Manuel Ramos

Anónimo disse...

Caro Miguel só graças á sua juventude é que não vale a pena discutir o assunto, desconhece certamente muita coisa e deve ser um dos muitos "cor de laranja" que segue a Sra presidente por tudo o que é sítio e tudo o que ela faça ou possa fazer já está isento de crítica.Tudo está na perfeição basta ter o dedinho mindinho da Sra pois concerteza esse dedinho tambem o deve ter ajudado a progredir na carreira ...Errei Não crei, Sujeitou-se a concurso como gente de bem o deve fazer? ou ultrapassou tudo por uma boa cunha como é norma nesta Edilidade presidida por essa Srª que tão fervorosamente defende.

Anónimo disse...

Em relação ao artigo do prof. Manuel Ramos, disse o que tinha a dizer, defendi o meu ponto de vista, o professor defendeu o seu, e em democracia é assim que as coisas se processam.
Em relação á senhora Mariana, queria referir o seguinte:
Não lhe admito qualquer tipo de comentário á minha pessoa, porque nem sequer a conheço, nem admito insinuações deste género "...deve ser um dos muitos "cor de laranja" que segue a Sra presidente por tudo o que é sítio...", porque minha senhora, apesar da minha juventude, sou educado, coisa certamente que a senhora não é, porque se fosse, não faria insinuações acerca de quem não conhece.
No que diz respeito á minha" progressão na carreira", demonstra um desconhecimento total em relação á minha pessoa, porque apenas fiz um estágio profissional ma CMS, após a conclusão de um curso superior ( o que é perfeitamente normal e são muitas as pessoas que o fazem nesta edilidade ). Numa fase posterior, e depois de gostarem do meu trabalho, foi-me proposto um contrato de prestação de serviços, porque se calhar ao contrário de outras pessoas que já se encontram "instaladas" nesta edilidade há mais de 8 anos, eu esforcei-me arduamente para cumprir os meus objectivos ( Já que parece que a senhora tem acesso a algumas informações, procure averiguar quais as minhas funções e que tipo de trabalho eu desempenho, dentro do gabinete do qual eu faço parte, porque ao contrário de alguns "já instalados", eu tenho objectivos para cumprir, e o meu trabalho não se rege unicamente das 9 -15:30)!
Por último, e ai admito sem qualquer tipo de preconceito: Apoio a actual presidente porque foi, é, e espero que continue a ser, a melhor pessoa para liderar o concelho; faço-o sem ter que dar explicações a quem quer que seja, porque o 25 de Abril foi há 3 décadas, e as "purgas e medos" já desapareceram, sendo que cada cidadão deve pensar da maneira que bem entende, e não a mandado de umas pequenas pseudo elites; e por último, e como não me escondo atrás de blogs e pasquins, desafio a senhora Mariana, a confrontar-me pessoalmente com aquilo que pensa e com aquilo que diz, porque como disse atrás, eu não me escondo, por isso pode-me encontrar quer na CMS no Gabinete SIG - sistemas de informação geográfica-, ou então dirigir-se á Rua Gago Coutinho, n 20 em Silves, onde eu estarei disposto a ouvir os seus "desabafos" em vez de os meter no "saco"!

Com os melhores cumprimentos,

Miguel Gonçalves

Anónimo disse...

Caro e Srº Miguel:
Não pretendo continuar a alimentar qualquer tipo de discussão relativamente ao assunto em apreço, mas porque as suas palavras são destituídas de fundamentação democrática terei que objectivar o seguinte:
Não usei de qualquer insinuação a seu respeito, limitei-me a interrogar se a sua admissão tinha ocorrido através de uma tramitação normal para entrada de um funcionário.Pelo que escreve, fiquei sem saber se o Srº Miguel presta um serviço como trabalhador independente(emitindo recibo verde) ou se efectivamente, já faz parte dos efectivos da Câmara Municipal? Se, já faz parte, como cidadã de direito, permita que lhe pergunte; foi sujeito a algum concurso? prestou provas com outros candidatos?. Se não foi sujeito a qualquer concurso, então por exclusão de partes, estamos em presença de um trabalhador independente, actuando por conta própria, emitindo recibo verde pela prestação dos seus serviços, e nesse caso, não estando em causa a sua qualificaçao académica e profissional, terei que dizer .. "bem haja"....a competência deve ser reconhecida e o mérito acima das côres partidárias.Não tenho acesso a qualquer tipo de informação a seu respeito nem de qualquer outra pessoa, mas terei que relembrar que o 25 de Abril de 1974, constituíu um marco histórico da liberdade de um povo, apesar de ainda não ter nascido, certamente que não desconhece o seu significado, pois foi a partir desta data que todos os portugueses sem excepção adquiriram o direito à liberdade de expressão, opinião e de voto, aonde as regras devem ser iguais para todos em iguais circunstâncias. Lamento, sinceramente que tenha tido a ousadia de pôr em causa todos os funcionários da Câmara Municipal de Silves com mais de 8 anos de serviço apelidando-os de instalados......,sinceramente, desconhece o Srº Miguel penso que devido â sua juventude, que os empregados desta ou de outra Cãmara, desempenham as suas funções independentemente do poder político instalado, são profissionais que dão o seu melhor e devem ser respeitados,(atenda-se que não sou funcionária da Câmara Municipal, mas assim o entendo). Cada um de nós, apoia quem entende que melhor servir a linha do nosso pensamento político, e, não só....., ninguém lhe assiste o direito de pedir explicações pelas suas motivações políticas, pois todos sabemos que vivemos num Estado de direito(democrático). Caro Srº Miguel onde estão as pequenas pseudo elites? onde pretende chegar?... só a sua juventude desculpa tamanha agressividade escrita, pois em democracia nunca poderá existir este tipo de comportamento, deverá existir sim, um pensamento democrático, pela qual através do voto o povo exprime a sua vontade, penso que não será demais citar"
George Orwell : «Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir.»
Com os melhores cumprimentos,
Mariana