domingo, dezembro 31, 2006

Quanta memória!


Quantas memórias se guardam por detrás de uma só casa? Quantas?

Esta que aqui vemos - a bonita casa da(s) família(s) Magalhães Barros/Figueira Santos - muitas terá para guardar, assim resista ao avassalador peso do Tempo, do abandono ou da dita "modernidade" (leia-se rentabilidade).

Dedico este post a todos os que a recordam nos seus tempos aúreos .

sexta-feira, dezembro 22, 2006

4 anos e meio depois...a cidade é outra

Castelo de Silves, Julho 2004
Mais uma vez o Polis. Não há como evitar não falar dele.
Como?, se um programa que se pretendia de requalificação da cidade acabou por ser o principal responsável pela sua descaracterização, pela sua mutilação, desorganização, e outras palavras acabadas em "ão"! Mais um ano passou, sobre o relógio reconfigurado. Só resta mais um ano a este Polis já adiado, e o que vemos "não ata, nem desata".

E quanto aos objectivos, o que dizer?! Como às vezes é bom ter por onde recordar, não é?

Ora leiam o que há quatro anos e meio se dizia do miraculoso Polis (os sublinhados a laranja são meus, e servem só para vos chamar a atenção para a diferença entre aquilo que se disse e o que se fez):



Polis de Silves formalmente inaugurado

Foi formalmente inaugurado na passada sexta-feira pelo Ministro do Ambiente, José Sócrates, o programa Polis para Silves, que irá levar a uma revolução na forma de viver a cidade até ao final de 2005. Ou pelo menos é o que se pretende.
Silves é, assim, a 21ª cidade a ser contemplada com este programa de requalificação urbana. Para o efeito, foi dividida em quatro áreas de intervenção, que abrangem quase todo o perímetro urbano, cada uma dos quais com as suas características próprias. A área total de intervenção é de cerca de 111 hectares.

No plano estratégico pode ler-se que na área do Centro Histórico, que compreende grosso modo o castelo e quarteirões adjacentes, se pretende "actuar no espaço público em geral, qualificando-o e dando-lhe uma maior dignidade face ao carácter cultural e monumental da cidade".Trocando por miúdos, isto significa, por um lado, modernizar as redes de subsolo, eliminando de passagem as "redes aéreas" (cabos eléctricos, telefónicos, etc.), e trazer benefícios vários às ruas da zona.
Algumas intervenções específicas serão também contempladas, nomeadamente nos Largos da Sé, do Hospital e Dr. Jerónimo Osório, no espaço confinante à Rua do Castelo e Rua do Mirante, no espaço contíguo à Travessa do Pelourinho e na Praça do Município.

Tudo isto envolve escavações e, numa cidade que tem o passado que Silves tem, é inevitável que se descubram vestígios em cada escavação. Por isso faz também parte do Polis a musealização da Arro(n)chela, que irá servir para enquadrar esses vestígios. Ainda no campo dos museus, também as Torres serão musealizadas, e o Castelo sofrerá um arranjo interno.

A segunda área, a do Núcleo Urbano, estende-se para sueste do Centro Histórico, entre este e o Arade. Aqui estão previstas acções de reabilitação urbana, não só como um fim em si mesma, mas também a fim de favorecer a circulação pedonal entre o Castelo e o Arade. Um dos aspectos que mais impacto trará a esta zona da cidade é a relocalização das paragens de autocarros e táxis e também a requalificação da zona das paragens de autocarros e táxis, e também a requalificação da zona do mercado.
A zona do Rio Arade, área do sul da cidade onde estão situados os campos de futebol, a FISSUL, parques de estacionamento e descampados, é a terceira área de intervenção. Aqui estão planeadas intervenções no próprio Arade, com o desassoreamento do rio, e um aproveitamento maior das margens e da ponte. Também está previsto um Parque de Lazer para a zona ribeirinha, onde se pretende instalar uma piscina municipal.

À semelhança do que se vem fazendo a jusante do rio, em Portimão, também Silves aposta, no seu Polis, na criação de um circuito pedonal ao longo do Arade, que irá ligar o Parque de Lazer ao Moinho Valentim. Nesta zona prevê-se ainda a construção de um Centro de Interpretação e Monitorização Ambiental que tem como objectivos desenvolver acções de sensibilização ambiental e acompanhar em contínuo os diversos indicadores ambientais. O Plano Estratégico levanta a possibilidade de associar este Centro à recuperação do Moinho Valentim.
A última área, a norte e noroeste da cidade, é dedicada às acessibilidades. Prevê-se no plano estratégico por um lado beneficiar a Estrada Municipal 529, que liga o Figueiral à nacional 125, e por outro lado criar duas novas acessibilidades a Norte, com o objectivo claro de descongestionar o centro da cidade.

Tudo isto corresponde a um investimento global de cerca de 14.4 milhões de euros, mais IVA, dos quais cerca de 1 milhão cabe à autarquia. É uma quantidade enorme de dinheiro que, no entanto, é cerca de um quinto do valor de todos os projectos apresentados pela Câmara aquando da candidatura. Entre estes projectos, e com compromisso autárquico para avançar, estão a construção de uma Biblioteca Municipal, a reabilitação de um arquivo para nele se instalar o Arquivo Histórico Municipal, a reabilitação do Teatro Gregório Mascarilhas, a criação da Casa da Música, a aquisição do Palácio Grade, a construção de uma pista de atletismo e da piscina, a remodelação do Mercado e a conclusão do Complexo de Feiras e Exposições. Também integrados nestes investimentos estão a remodelação da Rede de Águas Residuais e Pluviais, e da ETAR.

Aqui o investimento será feito com dinheiros que não provém do Polis, e sim de fundos próprios da autarquia e de outras entidades. Ao todo, falamos de quase 60 milhões de euros, mais IVA. Ou seja, de cerca de 12 milhões de contos.
Um grupo de obras de tal envergadura causa necessariamente impactos importantes, quer na vida da cidade aquando da sua conclusão, quer durante as obras propriamente ditas. Assim sendo, as entidades promotoras do programa irão levar a cabo um conjunto de acções de sensibilização dirigidas a três "grupos-alvo": a população em geral, os comerciantes e habitantes das zonas que irão sofrer um impacto mais significativo, e as escolas e os jovens em geral.

Relativamente à população em geral, será implementado um Posto de Informação Polis, situado em frente à ponte, na baixa da cidade, será editado um boletim informativo regular, criado um site e instalados quiosques multimedia nas zonas mais movimentadas da cidade, e instalados tapumes de obras que minimizem o ruído e os impactos visuais negativos.

Relativamente aos comerciantes, as acções adoptadas para minorar o impacto negativo de obras em curso em frente à porta, limitam-se à criação de brigadas de limpeza especiais, que circulem pelo comércio limpando montras, e o desenvolvimento de acções de animação no Centro Histórico a fim de atrair a população para a zona.

Terão ainda lugar Passeios Polis, isto é, passeios guiados pelas áreas intervencionadas onde se dará a conhecer à população a realidade da cidade e os projectos Polis. Por fim, as crianças irão participar em concursos sobre a cidade.

Foi a tudo isto que se deu início formal na passada sexta-feira, com o descerramento do "cowntdown", situado logo à saída da ponte, e que irá contar, ao segundo, o tempo que ainda falta para completar os trabalhos, e com a assinatura, por Isabel Soares e José Sócrates, do volumoso contrato entre a câmara e o poder central, com vista à execução do projecto.

Nas intervenções, o actual clima de pré-campanha sobrepôs-se à festividade da data, com Isabel Soares a regozijar-se pela vinda do Polis para Silves, mas também a queixar-se de que "O Polis peca por tardio, e também peca por ter sido reduzido a um quinto dos projectos". E apesar de se estar a falar de outras coisas, a autarca de Silves não deixou de acentuar o "profundo desgosto" que sente devido à indefinição no licenciamento dos cursos do Piaget, deixando no ar a ameaça de cumprir uma promessa: "o corte do IP4 em protesto contra a falta de paixão pela educação" do governo.

Sócrates, que não é homem de ouvir e calar, respondeu à letra. Referindo que registou a ausência de um elogio explícito ao governo no discurso da presidente da câmara, sublinhou que ele não tem pejo em declarar que a câmara se portou muito bem, concordou que a verba disponibilizada para Silves é pequena, mas explicou que teve de ser assim para se poderem apoiar 10 cidades em vez das 2 inicialmente previstas nesta segunda fase do Polis, e que em todo o caso "este é o maior contrato que a câmara de Silves já assinou com o governo", concordou que o Polis em Silves peca por tardio e agradeceu o elogio subentendido, porque o seu "governo fez o que os anteriores não fizeram".
É o que dá realizar cerimónias entre instituições de diferentes cores em pré-campanha...

Jorge Candeias
Publicado: 18 de Fevereiro, 2002
http://www.regiao-sul.pt/noticias/noticia.php?id=9528

domingo, dezembro 17, 2006

Que Cruz!


Coitada da Cruz de Portugal!
Pretexto para uma requalificação da iluminação pública local (foi assim que o projecto de obras foi ilegalmente presente ao IPPAR de modo a evitar "outros contratempos", e assim o comprovei consultando a caricata e quase inexistente documentação presente na DOM) acabou por ser ela a grande esquecida nestas obras. Sem luz, mesmo sendo Natal, durante largos meses vergonhosamente embrulhada por trapos, rodeada de obras inacabadas realizadas em terrenos particulares ainda não adquiridos (o que é grave), aqui está, passado mais de um ano, às escuras e sem acesso e informação adequada que a dignifique. Tratando-se de um monumento nacional, atracção permanente de muitos visitantes, é exemplo da capacidade desta autarquia em tratar o património local.

E assim caminhamos, promessa da Presidente, para candidatar Silves a "Património Cultural da Humanidade"! Haja Vergonha!

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Bom Desabafo!



O Saco tem sido, estatística e vocacionalmente falando, um lugar de crítica. Negativa, quase sempre. Porque a positiva, embora fosse justa às vezes, pouco adianta ao objectivo pretendido (porque temos objectivos, desiludam-se os mais naifs), e não resulta normalmente em Desabafo. É da natureza humana e, compreenda-se, da "economia evolucionista". Que ideia foi esta? perguntam vocês, leitores. Pois bem, o evolucionismo darwiniano aqui do Saco também se baseia na teoria de que, tal como na Natureza, o que merece atenção é a readaptação (a alteração, a mudança) do que é menos bom, do que está geneticamente disconforme, para que fique realmente BOM.

Isto tudo para quê? para fazer um elogio à publicação pela CMS e pelo "pelouro da cultura" de duas obras fundamentais: o número 6 da revista XELB (dois volumes) e o inédito V volume das Antiguidades Monumentais do Algarve, de Estácio da Veiga. Duas publicações de excepção a que a autarquia fica ligada.


Faça agora o vereador Rogério Pinto destas obras presente de Natal às Bibliotecas escolares do concelho (como fez a mim e aos restantes vereadores) é o meu desejo.

As 7 Maravilhas

Foto IPPAR
Estão aí as votações para as 7 Maravilhas de Portugal, pois então. Não tendo nenhum monumento português sido escolhido para integrar a lista dos candidatos a Maravilhas Mundiais, vai daí, vamo-nos às Nacionais. E com Freitas do Amaral, agora reformado, como comissário.

Entre os primeiros 77 nomeados estavam dois monumentos de Silves (o castelo e a velha Sé); agora, entre os 21 finalistas, do Algarve só temos a Fortaleza de Sagres. É injusto. É injusto porque o Castelo devia ser considerado uma das maravilhas nacionais: pela pachorra que tem tido em aturar este Polis; é injusto por que a esteve ali por mais de setecentos anos, sem reclamar, e agora está fechada ao culto só porque se lembrou de largar um pouco de reboco em manifesto protesto pelo abandono a que tem sido votada (leia no Correio da Manhã). E o júri não teve isso em consideração!!

E que dizer de outros monumentos regionais totalmente esquecidos pelos responsáveis deste concurso: caso do Algarve Shopping, do Fórum Algarve ou do Estádio com o mesmo nome? Não são eles bem mais importantes que os Jerónimos!?

Se não são, assim parecem. Façam uma sondagem para saber quem ganha em número de visitantes!...

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Ainda o Algoz...

Já que andamos pelo Algoz, cá fica mais uma. A imagem refere-se às obras de remodelação da rede de abastecimento de água à vila, uma das obras em investigação no processo de inquérito interno que decorre na C.M.S..


Mas o que interessa aqui saber é se, pago o valor da empreitada pela autarquia através de factoring, as canalizações são para ficar assim, sejam as renovadas (como a imagem ilustra) ou as velhinhas que, agora abandonadas "in situ", se prontificarão nos próximos tempos a dar sinal da sua presença sobrepondo-se a uma renovada pintura das casas.
Como dizia um amigo, sempre servem "pr'a amarrar a burra!".

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Assassino à espreita


Fotos do leitor José Cabrita

Há mais de uma semana que este prédio na Rua de S.Sebastião, no Algoz, se encontra na situação que as imagens ilustram. À espera de cair. E não serão as fitas ali colocadas que prevenirão que uma tragédia aconteça. Por isso também o meu alerta público, que não ficará só por aqui. Esta rua não pode continuar aberta ao trânsito! Quem seriam os responsáveis, caso acontecesse o pior? Há algum tempo atrás uma situação semelhante, em Silves, não provocou uma mão cheia de mortos por uma pequena diferença horária.
Agradeço a denúncia e as foto enviadas por um nosso leitor.