domingo, abril 30, 2006

A devida homenagem

Fez-se hoje, 30 de Abril, véspera do 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalho e dos Trabalhadores, uma primeira homenagem pública à figura do silvense José Rodrigues Vitoriano, recentemente falecido. Foi, seguramente, o silvense com maior currículo político do séc. XX, uma destacada figura da luta pela liberdade, o que lhe valeu sofrer da falta dela (17 anos nos cárceres salazaristas). Camponês, escolhedor de rolhas, presidente do sindicato nacional dos corticeiros em Silves, membro do Comité Central do PCP, deputado e vice-presidente da Assembleia da República, entre 1976 e 1987. Um longo percurso de vida, um "operário construído", como o apelidou Maria João Raminhos Duarte que lhe fez uma rigorosa e detalhada biografia histórico/política nesta sessão pública. Muito concorrida (cerca de 150 pessoas), é preciso dizer quando é tão frequente ver acontecimentos públicos "às moscas", por silvenses residentes ou emigrados e outros amigos, que neste dia fizeram questão de estar presentes. Falou ainda Margarida Tengarrinha, num registo mais emocional e pessoal, lembrando o velho amigo e camarada de partido. Apresentei eu, uma entrevista/filme que realizara com Vitoriano em 1999 quando instalava o Museu da Cortiça de Silves; Sandro William Junqueira, emocionou o público, com a sua interpretação do poema de Vinícius de Moraes, "O Operário em Construção", uma belíssima escolha; Carlos Vitoriano agradeceu, sensibilizado, a homenagem feita a seu pai. Mário Godinho, presidente da Junta de Freguesia, a entidade organizadora, fechou a sessão com a leitura de uma mensagem do senhor Governador Civil. Durante a cerimónia foi ainda lançada uma publicação sobre José Vitoriano, da autoria de Maria João Duarte.
Parabéns à Junta de Freguesia pelo apadrinhamento da iniciativa que, embora tenha sido proposta em sessão de Câmara ainda em vida de José Vitoriano para integrar as comemorações deste 25 de Abril, acabou por ser ignorada por este executivo. Que, fica o desabafo que ainda faltava, nem se fez representar na cerimónia!(leia-se Teodomiro Neto no Jornal do Algarve)
Esperemos que um dia, a autarquia se digne promover a memória deste homem (nome de rua, realização de um busto...) que muito honrou a memória e o carácter lutador e inconformado da classe corticeira e dos silvenses durante a longa ditadura.

quinta-feira, abril 20, 2006

A concurso...


Inspirado pelo post de um amigo a propósito de um concurso fotográfico promovido pela autarquia, que tem como um dos seus temas base “O Ambiente”, e por uma fotografia que um munícipe me fez mercê, dou continuidade ao assunto. Ao do Ambiente, porque é disso que se trata nesta imagem pouco abonatória para qualquer cidade do mundo. É verdade que se trata de um domingo, depois de um sábado e de uma sexta-feira de tolerância. Mas não era um domingo qualquer, era Domingo de Páscoa, e nesta rua - a Gregório Nunes Mascarenhas, em pleno centro histórico de Silves - passaria um importante evento religioso e, hoje em dia, não só religioso, mas também turístico-religioso: a procissão de Domingo de Ressurreição. Diz quem lá esteve que a visão, mas não só, foi insuportável. Envergonhou os locais, desagradou os visitantes.
Não pode acontecer! No ambiente, como noutros ofícios, há serviços mínimos, a qualquer preço!
Não é assim que Silves se tornará uma referência turístico-cultural!

segunda-feira, abril 17, 2006

José Vitoriano - uma homenagem

JOSÉ RODRIGUES VITORIANO
(1917-2006)
- uma homenagem –


Auditório do Instituto Piaget em Silves
Dia 30 de Abril, pelas 15 horas

Filme/entrevista biográfico
Lançamento de publicação
Palestras de Margarida Tengarrinha e Maria João Duarte

Organização da Junta de Freguesia de Silves

terça-feira, abril 11, 2006

Reciclagem "à Polis" III


Pode parecer má-vontade contra o programa POLIS, mas acreditem que não é. A sequela só tem continuidade por que os seus actores não param de lhe criar novos argumentos, cada vez piores e de mais mau gosto. Então não é que, não bastando as queimadas de lixos a céu aberto já aqui denunciadas, não bastando os descuidos no abandono de materiais tóxicos, lembram-se agora de fazer do leito do Arade depósito de entulhos!! Bem nas barbas do placard (countdown) do Polis que, coitado, há tempos que não sabe a quantas anda. Bem no momento em que corre um abaixo-assinado relembrando velhas promessas de desassoreamento e despoluição do rio, nunca cumpridas. Mas em que país, ou cidade, estamos? Não há autoridade marítima, não há autoridade de ambiente, não há fiscalização das obras que os empreiteiros POLIS desenvolvem?
Para já não falar do mau exemplo que se faz passar, logo por aqueles que são responsáveis por um programa de reabilitação urbana!!

terça-feira, abril 04, 2006

Um pedacinho de história


Tendo como fundo a Rua Cândido dos Reis e o edifício, agora demolido, da velha escola industrial (P.S.- Corrijo, trata-se ainda da Rua Dr. Francisco Vieira e o edifício, embora algo parecido, não é o da velha escola industrial, mas outro, também com interesse arquitectónico, e que se encontra frente ao actual Museu Municipal de Arqueologia), uma foto de um grupo de ilustres alunos de Esperanto cerca de 1941.
(Arquivo Particular de Carlos José Alves Vitoriano)
da esq. para direita:
Eugénio Neto, António Sequeira Guerreiro, Amílcar Coelho, José Vitoriano, Pedro Miguel Duarte e Rui Alves

Um pedacinho de passado que desaparece...


Com a demolição do edifício da velha Escola Industrial na Cândido dos Reis (Silves) é um pouco da nossa história que se apaga. É também uma rua que cada vez mais se descaracteriza, face ao imparável camartelo. Quando não existe autorização para demolir, o que era o caso, sempre há formas de o fazer. Tal como acontecera com a "casa do lampião", vai-se progressivamente enfraquecendo a estrutura, ao ponto de qualquer factor adicional e de preferência externo (chuvas abundantes, construções ou demolições anexas) pôr em causa a segurança e os pruridos conservacionistas dos mais renitentes. No caso presente, não aconteceu uma tragédia por mero acaso. Irão agora reconstruir a fachada, mas nunca será o mesmo, pois nem as cantarias originais souberam, ou quiseram, preservar.
Tantas histórias guardava este edifício por contar!