quinta-feira, janeiro 21, 2010

Em Silves, a laranja, a cortiça...os frutos secos


Fotografia © Melanie Maps - Lusa

Cadernos de cortiça na loja Pelcor em São Brás de Alportel

Vem este desabafo, curiosamente, a propósito de uma boa notícia, não para Silves, ainda que para o Algarve e para o mundo corticeiro em geral. Para S. Brás de Alportel e para a empresa que ali nasceu, a PELCOR, e a sua gerente, Sandra Correia, em especial.
O MOMA (Museu de Arte Moderna de Nova Iorque) vai expor e vender peças de cortiça algarvia, com design e concepção da Pelcor, é certamente assunto relevante, sobretudo agora que o principal museu dedicado à transformação da cortiça em Portugal, com sede em Silves, está em risco de fechar. Ironicamente, ali se venderam (na loja do Museu) os primeiros produtos que a Pelcor confeccionou...
No ano 2000 o Pavilhão de Portugal na Exposição Mundial de Hannover  foi forrado com cortiça de Silves. Em 2010, o Pavilhão Português em Xangai irá repetir a experiência. A cortiça continua na ordem do dia, como produto natural que é, como sustentáculo de um habitat único e já raro, no momento em que a sustentabilidade do planeta é ponto prioritário na agenda mundial. É um dos principais ex-libris de Portugal no estrangeiro, é uma das nossas principais exportações, é um dos produtos naturais existentes neste planeta com mais potencialidades futuras.
Silves, depois de perder protagonismo na exportação dos seus frutos secos (amendôa, figo e alfarroba que Portimão exportou), depois de perder o estatuto de capital da transformação da cortiça em Portugal, depois de perder a oportunidade de oficializar a melhor laranja do mundo (opinião minha!) como marca registada e produto demarcado, repito, a Silves (cidade e concelho) já só falta perder, e pouco falta para isso, o seu lugar como reserva cultural e patrimonial do legado luso-árabe. Sucessivos atentados arqueológicos, "capelinhas", ignorância e alheamento face aos contributos dos actores locais, podem vir, mais uma vez, a pôr também isso em causa.
Mas se de cortiça falamos, e voltando à feliz notícia que nos inspirou, porque será que aqui havendo um espaço privilegiado (uma fábrica de cortiça de perfil arquitectónico único em Portugal), não fazemos dele uma sala de visitas para o que de melhor se faz em cortiça em Portugal? Na investigação científica e nas novas aplicações do produto (hoje levadas à aeronáutica e à astronáutica), no ambiente, na educação e turismo ambientais (sustentabilidade da floresta e habitat do montado), no design (na moda, novos produtos, novas aplicações), na reciclagem (reutilização), na viti-vinicultura (novos vinhos de Silves e algarvios, no lobby pelos vedantes naturais), no artesanato (herança de velhos e novos artesãos que na cortiça desenvolveram autênticas peças de arte), enfim, na recuperação da memória histórica/técnica/política da única indústria que este concelho verdadeiramente conheceu, da cultura da cortiça e dos seus protagonistas, há todo um mundo de oportunidades por explorar.
Mais uma vez, serão outros, provavelmente, a fazê-lo. Fazem o que devem. S. Brás de Alportel vai fazendo. Reciclagem de rolhas usadas por iniciativa municipal, criação da Rota da Cortiça (à qual o Museu de Silves já emprestou uma máquina), apoio a empresas de pequena dimensão mas com exponencial valor para se internacionalizarem e projectarem imagem, por que assentes na criatividade, no dinamismo e na inovação, como é o caso da Pelcor.
Por aqui marcamos passo, os "cães (sem ofensa) ladram e a caravana passa", e outro ciclo, outra janela de oportunidade se fechará.
São frutos secos...
Haverá petróleo em S. Marcos?

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Memórias que (es)fumam


Mais um elemento da memória corticeira e industrial da cidade de Silves desapareceu.
Esta era a chaminé da Fábrica Bento Monteiro, em plena cidade de Silves.
Foi derrubada por mão humana, por precaução considerado o seu degradado estado, e após os violentos temporais da semana passada.
A pouco e pouco se esfumam os traços identitários da silhueta industrial desta cidade.
E quais serão os sinais que o nosso tempo deixará?

sábado, janeiro 02, 2010

Porque há lutas que são de todos...


(créditos para o blogue "O Remexido" que também tratou o assunto)

Porque há lutas que são de todos, aqui deixo a informação sobre a iniciativa de um residente estrangeiro que, tal como nós, não se conforma com a situação a que chegou a estrada nacional nº 264 entre Messines e o Algoz.
Deu início a um blogue, a uma página na Net, e a uma petição on-line com a qual já me solidarizei. 
Façam o mesmo, não pagam mais por isso!