quarta-feira, abril 27, 2011

Morreu um grande historiador: Vitorino Magalhães Godinho (1918-2011)

Morreu hoje um dos grandes historiadores portugueses do século XX: Vitorino Magalhães Godinho.
Obras como "A economia dos descobrimentos henriquinos", "Os Descobrimentos e a Economia Mundial" ou, especialmente, "A Estrutura da Antiga Sociedade Portuguesa" deveriam ser de leitura obrigatória em algumas cursos do Secundário com pendor histórico/humanístico. E dariam ainda hoje boas lições a alguns dos nossos actuais governantes!

sábado, abril 23, 2011

Desabafos de Outros: Dias de Humilhação

Passos Coelho disse-o com despudorada clareza: o programa de governo do PSD será o do FMI. E o mesmo acontecerá necessariamente com o do PS e o do CDS, partidos que, juntamente com o PSD, continuam em reuniões com os mandatários do FMI, BCE e UE para receber instruções ("negociações", chamam-lhes eles: o FMI, BCE e UE ditam e PS, PSD e CDS tomam nota, atrevendo-se eventualmente a alguma sugestão respeitosa...). Restam os programas do BE e do PCP, que conterão certamente medidas alternativas, mas não poderão, seja numa improvável participação no Governo seja na AR, alterar nada do que já tiver sido decidido pela coligação FMI/PS/PSD/CDS.

Pode, pois, perguntar-se para que é que haverá eleições senão para, à falta de pão, oferecer ao país duas ou três semanas de circo. As políticas para os próximos anos estarão, de facto, determinadas antes das eleições e independentemente dos resultados eleitorais e, depois delas, qualquer medida com impacto orçamental, mínimo que seja, do Governo ou do Parlamento, terá que ir a despacho aos tutores do país.

A suspensão da democracia sugerida por Manuela Ferreira Leite durará pelo menos três anos, durante os quais nos caberá tão só eleger capatazes que executem as ordens de Washington (FMI), Frankfurt (BCE) e Bruxelas (Comissão).

Por muito menos foi a estátua de Camões, quando do ultimato inglês, coberta de crepes pelos antepassados políticos do actual PS.

terça-feira, abril 19, 2011

A propósito do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios

Na passada segunda-feira, dia 18 de Abril, foi Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. Por coincidência, ou não, terminei nesse dia o resumo para a apresentação que irei fazer no Encontro de Portimão, do próximo dia 3 de Junho, subordinado ao tema "Áreas industriais e comunidades operárias".
Irei aproveitar para, mais uma vez, dar voz ao abandonado e silencioso Museu da Cortiça e ao seu espaço vital, a Fábrica do Inglês.
Aqui deixo o aperitivo: 

PATRIMÓNIO INDUSTRIAL CORTICEIRO EM RISCO: o caso da Fábrica do Inglês
 Aquele que é o mais bem preservado núcleo do património corticeiro português do século XIX, quiçá também mundial, está hoje em risco de degradação e abandono.
Não exageramos, já que a Fábrica do Inglês, em Silves, conserva em várias aspectos características que fazem deste conjunto um exemplar único entre a herança industrial corticeira neste país, actual líder destacado no sector. No que respeita à sua arquitectura, no essencial hoje preservada, e já de si inédita no mundo industrial oitocentista; no que respeita à tecnologia, testemunha da passagem da manufactura para a maquinofactura, com exemplares únicos ou raríssimos da evolução da transformação da cortiça; no que respeita à memória documental, ou de arquivo, seja pelas peças artesano/industriais que possui, seja pela antiguidade e importância da sua documentação escrita que remonta aos inícios do último quartel do século XIX. Enfim, pelo facto de se constituir como última memória dum passado industrial duma cidade que se notabilizou pelo seu movimento operário e político durante o Estado Novo.
A Fábrica do Inglês e o seu museu é tudo isso. É assim urgente acudir à sua eventual degradação perante as dificuldades financeiras da sociedade anónima que a detém. Ainda que tenha sido esta, em boa hora, quem acorreu à preservação de um património em vias de se perder, aliando então de forma praticamente inédita a cultura ao turismo/lazer, é hoje evidente que a mesma sociedade já não possui a capacidade para o fazer. A recente classificação da Fábrica do Inglês como imóvel de interesse concelhio, embora aquém da importância que verdadeiramente tem, confere-lhe porém, um estatuto de protecção que deverá ser agora utilizado pelas autoridades públicas, designadamente a Câmara Municipal de Silves, mas não só, para colocarem a salvo aquilo que é, no meu entender, um património histórico/industrial que não podemos, neste Portugal da cortiça que somos, nos dar ao luxo de perder.