quarta-feira, maio 17, 2006

Viva a Cortiça!


Mais uma escapadela, por boas razões, ao âmbito local deste blogue, para vos dar conhecimento de algumas recentes notícias sobre um produto extraordinário, a cortiça.
Notícias preocupantes, mas também encorajadoras, quanto ao futuro desta obra-prima da Natureza.
Silves já viveu dela e para ela. Hoje resta uma fábrica de aglomerado negro e um museu; no entanto, Portugal continua sendo ainda o maior produtor e exportador, produzindo cerca de 54% da cortiça transformada que circula por esse mundo. É, por certo, o produto mais nacional entre todas as nossas exportações, embora muitas vezes esquecido, sobretudo no que se refere ao investimento em I&D. Mesmo assim, há quem faça militância pelo sobreiro e este seu produto, por paixão e crença nas suas modernas potencialidades e virtualidades, nomedamente "ecófilas" (passo o neologismo). É o caso do investigador Luís Gil, do Ineti (Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação) que tem dedicado a sua vida à promoção e divulgação deste nosso "ouro negro". Aqui fica um link para uma notícia que importa divulgar: as potencialidades da cortiça no combate à poluição e à pior das pragas - o cancro.
E dois outros links para o que se vai fazendo pela defesa da nossa floresta de montado, mesmo lá por fora:
  • em inglês, pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e referida no artigo da Lusa/Barlavento
  • em português, também pelo WWF sobre a situação do montado português

A LER...e a passar!

P.S.- Não resisto a vos contar uma pequena história com o Eng. Luís Gil. Na Expo de Hannover 2000 fomos ambos convidados pelo Pavilhão de Portugal para falar sobre cortiça. Eu, sobre o recém-criado museu da cortiça da Fábrica do Inglês; Luís Gil sobre as aplicações deste produto, amplamente demonstradas pelo próprio revestimento de aglomerado negro de Silves do Pavilhão de Portugal, o único sem ar condicionado. Luís Gil, autor e proprietário de várias patentes relacionadas com a utilização da cortiça, a dada altura da sua apresentação surpreende a plateia, pelo menos a mim, que nunca mais esqueci o momento nem o paro de transmitir, quando alvitrou: se a Mercedes, marca alemã, fosse portuguesa, há muito tempo que os tabliers e as manetes de mudanças destes carros seriam em cortiça. E porquê? Porque é um material bonito, macio e, sobretudo, porque nos pouparia o terrível sacrifício de lhes tocar, fosse no escaldante Verão ou no gelado Inverno.

tudo dito!

5 comentários:

Unknown disse...

No que a respeito da cortiça se refere a Silves e à completa desagregação da sua indústria corticeira, é importante referir o exemplo de São Brás de Alportel, que modernizou os seus equipamentos e os seus produtos. Ali, alguém ousou sobreviver.

aeloy disse...

A cortiça é a balsa onde bebemos água (o corcho), o vedante do nosso vinho e o isolante de futuro.
A conservação do recurso, e também da sua memória deviam ser uma prioridade nacional...e local.
Mas o provisório (o petróleo que está a acabar, ver O FIM DO PETRÒLEO, Ed. Bizancio) e a falta de prospectiva (isolamento térmico, etc) domina.
Até quando?
António Eloy, com um abraço
www.signos.blogspot.com

Unknown disse...

viva!

Manuel Ramos disse...

Agradeço o elogio! Quanto à sua pergunta, dê-me só algum tempo para realizar uma pequena pesquisa. Entretanto, e como faço parte de uma associação de produtores florestais, a Viver Serra em Silves, sugiro-lhe que contacte um dos dois engenheiros florestais que connosco trabalham (Engª Nélia ou Eng. João Belchiorinho 91 875 37 27/8 ou mail viver-serra.geral@iol.pt) e lhes formule este pedido de esclarecimento. Estou certo que terão o maior gosto e disponibilidade para lhes dar mais abalizada informação.

Manuel Ramos disse...

Obrigado, mas pouco ou nada é, comparado com o seu! E parabéns pelo Prémio que em Madrid há pouco recebeu. Bem o merece!