domingo, dezembro 31, 2006

Quanta memória!


Quantas memórias se guardam por detrás de uma só casa? Quantas?

Esta que aqui vemos - a bonita casa da(s) família(s) Magalhães Barros/Figueira Santos - muitas terá para guardar, assim resista ao avassalador peso do Tempo, do abandono ou da dita "modernidade" (leia-se rentabilidade).

Dedico este post a todos os que a recordam nos seus tempos aúreos .

6 comentários:

Marco António I. Santos disse...

Um dos edifícios mais emblemáticos de Silves que no entanto vai-se degradando e sendo vandalizado. Não sou dos que se recordam do edifício nos tempos áureos, mas já o vi com bastante melhor aspecto. Pode ser que algum dia um futuro proprietário lhe devolva a dignidade.

Anónimo disse...

Dr. Manuel Ramos,
Por detrás desta casa,lá mesmo atrás, estão as memórias da minha simples, mas feliz infância! O meu avô foi Feitor da Família Magalhães Barros (cujo Conselheiro do Reino deu o nome ao Largo), a quem serviu com muita honestidade e honradez, característica da nossa Família. É também conhecido como Largo do Poço da Câmara, que lá existia e, segundo o meu pai, abastecia de água a cidade (ou parte dela), antes daquela ser canalizada.
O meu pai teve lá um pequeno fabrico de cortiça, uma das suas paixões, porque também a teve pela agricultura e pelas filhas!
Aliás, o Sr., que me parece que é Director(?)do Museu da Cortiça, e tem acesso a muita documentação, poderá pesquisar sobre os nomes de José Sequeira dos Santos, meu Pai, Domingos Sequeira dos Santos, meu Tio, que também trabalhou na cortiça e esteve ligado à Cooperativa Operária "A Compensadora", e ao também meu Tio, ligado a outras lutas, o único sobrevivo, já com 91 anos, João Sequeira dos Santos. Terá algumas surpresas!
Perto do nosso pequeno fabrico havia uma pequena mercearia, onde nos abastecíamos, que era do pai da então Belinha, mais nova do que eu, mas que há-de lembrar-se bem de mim! Crescemos e enriquecemos de formas diferentes, mas é assim, tanto os bens materiais quanto os espirituais são distribuídos de forma diferente, como o Sr. bem sabe!
Faz hoje dois anos, encontrei-a no cemitério, pois a sepultura do Pai dela, por quem a minha mãe tinha uma grande consideração, dista apenas cinco da do meu Pai. Continuam lá vizinhos, a uma distância ainda menor do que em vida, e talvez nós também um dia o sejamos, de novo, se ela, como eu, porque todos um dia vamos morrer!, desejar ficar junto do Pai!
Hoje já fui falar com o meu! Falo com frequência, mas hoje de mais perto! E ele é que me aconselhou a vir aqui, por mim e por ele, embora eu não pensasse fazê-lo! Mas há apelos que são superiores a outras coisas!
Obrigada pela oportunidade, mas o apelo foi mais forte!
Desejo um BOM ANO PARA SI E PARA A SUA FAMÍLIA E PARA TODOS OS SILVENSES, HOMENS E MULHERES DE BOA VONTADE!

Anónimo disse...

Manuel Ramos

Um bom ano de 2007 para ti.

AG

Manuel Ramos disse...

Agradeço, António, retribuindo os votos.

Anónimo disse...

Sendo a memória uma fruição da imagem, esta, ajudada pela reflexão, conduz-nos ao passado e traz-nos as mais diversas recordações.
E, como é bom recordar!!!
A memória liga o passado ao presente.
A evocação desta casa ( e, porque não, também as mais humildes. ao lado, todas dignas do maior respeito e dignidade, constituem o nosso património histórico e são as duas faces duma única moeda "o passado"), são dignas do maior respeito e reconhecimento.
A preservação do que existe deve ser feita com muito critério para que que as gerações vindouras não culpem a presente, como responsável pela quebra do elo de ligação entre o passado e o futuro.
Através da memória conseguimos distinguir o "ontem" do "hoje" e conseguimos conhecer acontecimentos e vivências anteriores.
Ligamo-nos aos que vieram antes de nós e construimos o futuro.
Somos o elo de ligação. Somos o presente.
Assim, é bom que se olhe para a casa em foco, para a Sé, o Castelo, a Cruz de Portugal, etc.etc.etc.
Há que fazer algo para que Silves saia da mediocridade, saia da encruzilhada em que se encontra.
É preciso trabalhar, para que as gerações futuras não nos culpem como responsáveis.
É pena que tão poucos tenham conseguido comprometer o nosso futuro e destruído muito do nosso passado, com a febre do lucro fácil e imediato. Esses, passarão ao esquecimento, mas também farão, fatalmente, parte no nosso passado colectivo.
Há que evitar a trituração dos mais pobres e o acumular de riquezas fáceis, por parte dos mais poderosos, à custa da destruição do passado e do ambiente em que nossos filhos e netos irão viver.
Há que acabar com os interesses mesquinhos e pessoais.
As memórias são a matéria prima dos que fazem por preservar o passado.
Parabéns e obrigado, Dr. Ramos, pela abordagem deste tema.
Desculpe o meu modesto contributo.
Bom 2007.
A.F.

Anónimo disse...

É pena que não haja vontade ou dinheiro para restaurar essa belíssima casa. Nos seus terrenos contiguos muito brinquei, apenas não recordando os tempos de miséria e opressão que se viviam. Poderia enumerar muitos nomes que comigo brincaram, incluindo o Zé, irmão da Belinha.Nesse tempo eram os banhos na alvada ou no pego do valadinho ou no pego da nogueira para os que já sabiam nadar.Mas era um tempo sã e convidativo às brincadeiras de rua, onde nada acontecia a não de vez em quando ums multas ou corridas pela polícia pelos jogos de futebol na rua. Eram os vidros partidos e as paredes brancas com as boladas moldadas. Eram as danações dos moradores, sem compreenderem a necessidade dos jovens. A falta de campos de jogos levava aos grandes jogos de futebol entre a Mata e o Jardim, entre a Cerca da Feira e a Mata ou entre a Música e o jardim, etc, etc, etc.Hoje com a s obras do Polis será que estão a ser construídos campos de futesal, basequeteball, andebol,etc.? ou apenas se lembraram dos parques de estacionamento para servir ninguém? até breve.