domingo, outubro 21, 2007

Santos da casa não fazem milagres

Foto António Pedro Ferreira


Santos da casa não fazem milagres, é costume dizer.
Talvez por isso Maria Keil nunca tenha tido em Silves a homenagem que merecia. Já o reclamámos em 2006, sem consequências. Com 93 anos, faz agora a sua primeira exposição retrospectiva no Algarve, mas não em Silves, cidade que a viu nascer. Em Lagos, na exposição «A Arte de Maria Keil», que abriu este sábado, dia 20, às 18 horas, no Centro Cultural daquela cidade, onde é apresentada, pela primeira vez no Algarve, a vasta obra desta artista plástica algarvia, nascida em Silves em 1914.
"Na mostra, são apresentadas 80 obras marcantes do seu percurso, no âmbito do desenho, azulejaria e pintura. No mesmo dia, hora e local, abre «Lagos e o Mar – Histórias Marítimas de Lagos». Trata-se da primeira de duas mostras que abordam a ligação desde tempos remotos entre a cidade de Lagos e os oceanos. Ambas as exposições podem ser vistas até ao dia 31 de Dezembro" (leia-se notícia no Barlavento on-line).

Enquanto aguardamos que a autarquia acorde e nos traga a obra de Maria Keil a Silves, deixo-vos duas ligações sobre esta :
- Um testemunho pessoal de um encontro e uma fotografia, ainda assim, recente.
- Uma visita virtual a uma exposição realizada na Biblioteca Nacional em 2004.
© MCR

23 comentários:

Anónimo disse...

Caro Manuel Ramos,
Este continua a ser o "meu Largo". O painel de Maria Keil fica ao lado e em frente de duas casas onde já morei: uma antes, e outra depois de casada.
Aqui, parece bonito. No entanto, os moradores não gostaram desta divisão do Largo (Conselheiro Magalhães Barros), o tal do antigo Poço da Câmara, e chamaram-lhe "o muro da vergonha". Hoje acostumaram-se, mas continuam sem gostar.
Claro que a Maria Keil, sua autora, não tem culpa do uso que deram ao painel, nem do gosto, bom ou mau, das pessoas, mas merecia uma homenagem na sua terra natal. Porém, eu sempre ouvi dizer, e tenho constatado, que "Silves é má mãe e boa madrasta"!(Salvo raras excepções, claro, mas essas servem só para confirmar a regra).

Manuel Ramos disse...

Pois é, também não gosto do muro, ou da sua orientação, embora goste do painel.
Talvez pudesse ser recolocado noutro lugar...

Unknown disse...

Também hoje, em Local & Blogal, faço referência a Maria Keil e ao caso a que te referes, remetendo para aqui.

Anónimo disse...

Olá, meu Caro Manuel,

Confesso que tenho andado um pouco afastada... talvez até um pouco languida...

Vim agora ao seu blog e - devo dizer - tem toda a razão em chamar a atenção para Maria Keil.

Uma silvense de primeira água, sem qualquer dúvida.
Portanto, tendo em consideração, meu querido Manuel, que o seu PCP, o PS do "Servir-se de Silves", nada fizeram para , em tempo, agraciar Maria Keil, você, enquanto a verdadeira oposição na Câmara de Silves - por que, deixe-me dizer-lhe, além de você ser um homem fisicamente interessante, é o único vereador da oposição que verdadeiramente conta para o totoloto - avance com uma proposta para a edilidade celebrar os seus filhos. Concorda, querido Manuel?

Desta que o admira, imensas Bijocas.

Manuel Ramos disse...

Hoje estou em alta, quanto ao ego. É elogio aqui, é no Blogue do Vereador...
Não posso, devo isso ao meu amor-próprio, discordar daquela apreciação lisonjeira passados que são 49 anos sobre este corpinho. Só agradeço. Sabe quanto isso também ajuda!
Protesto, no entanto, como faço sempre, quanto à minha catalogação, expressa quando refere "(...)o seu PCP". Não sou, não fui, e não serei membro de nenhum partido político enquanto for vivo. Assim foi com o meu pai, e com o meu avô paterno, e eu continuo a percorrer os mesmos trilhos. Por isso, essa é das coisas que me aborrece. As pessoas não entendem que,infelizmente, e por enquanto, em Silves, se alguém quiser ter alguma intervenção política,para além da tertúlia de café, só o poderá fazer enquadrado partidariamente, procurando pontos de contacto ideológico. Sem olhar ao passado, sempre virado para o futuro. O que lá vai, lá vai, e ningém sabe como posso ter sido crítico quanto a esse passado. É triste, mas em Silves, e de um modo geral em Portugal, por enquanto é assim. A não ser que seja alguém como a Fátima Felgueiras, ou outros que tal. Mas assim não quero.
Entretanto, e arriscando-me a desiludir alguns, é assim que penso.
Quanto à proposta, fique certa que a farei. Não estou é certo que seja bem acolhida, embora esta seja politicamente mais consensual que a homenagem a José Vitoriano!
P.S.- Já agora, fica também uma correcção histórica que é justa fazer-se e contradiz um pouco o que disse: quem encomendou o painel de Maria Keil que acima reproduzo, única obra artística da artista na cidade, foi o executivo presidido por José Viola.

Anónimo disse...

O tamanho das coisas depende da sua comparação com outras coisas, das recordações que se tem delas, dos olhos que as vêem, da mudança dos tempos (e das vontades), etc.
O Largo onde fica colocado este painel, por exemplo, para mim é grande, embora tenha ficado mais pequeno depois de dividido em dois pelo muro. E é grande porquê? Porque guardo de lá as recordações da minha infância, e parte da dos meus filhos, para além de outras.
Quando me sento na Praça Al-Muthamid, de costas viradas para a Avenida, gosto de contemplá-lo, esqueço o muro, a vista alonga-se, e ele fica enorme, tendo como fundo o castelo, a igreja e o céu.

Já dizia Ary:
"Olhar para as coisas
é fátuo e vão.
Por dentro das coisas
é que as coisas são."

(espero não me ter enganado, porque citei de cor)

Penso que ele, no lugar onde está, não se importe que eu diga que o que vale para as coisas, vale também para as pessoas.

Anónimo disse...

Desculpe eu ter utilizado o seu "saco dos desabafos" para desabafar em relação a uma pessoa com a qual mantive uma brincadeira no respectivo blogue, que julguei inofensiva. Porém, estando um dia naquela contemplação do "meu Largo", que refiro no comentário atrás, e tendo a citada pessoa aparecido, percebi que a brincadeira estava a ter um sentido dúbio, pelo que tive a gentileza de esclarecer o assunto por e-mail, oferecendo a minha amizade. Como resposta recebi humilhações naquele blogue, demonstrando o seu autor um mau carácter e espírito de vingança que eu desconhecia, não se revelando a pessoa que eu pensava ser, nem digno da amizade que lhe dispensava.
Daí a referência ao tamanho e relatividade das coisas e das pessoas, que varia mesmo de acordo com o que disse no comentário anterior.
Obrigada aos dois pelas oportunidades e conhecimentos que me permitiram.

Anónimo disse...

Hoje descobri um lugar onde se pode ver e ouvir Maria Keil.
Porque gostei não resisti a deixar aqui o endereço http://static.publico.clix.pt/docs/imagens/mariakeil/index.html.

Manuel Ramos disse...

Muito obrigado, cara Maria Antónia! Isto sim, foi um contributo "e pêras"!
Emocionei-me ao ver este lindíssimo vídeo. Grande artista, grande senhora é esta "nossa" Maria Keil.
Obrigado.
Volto a citar o endereço do vídeo (devem vê-lo com legendas), já que o ponto final no fim, pode criar problemas:
http://static.publico.clix.pt/docs/imagens/mariakeil/index.html

Manuel Ramos disse...

Corrijo, porque cometi o mesmo erro:
http://static.publico.clix.pt/docs/imagens/mariakeil/index.html

Manuel Ramos disse...

Afinal não é um erro, é o próprio sistema dos comentários do Blogger que acrescenta automaticamente este ponto final. Não o coloquem quando o copiarem para a barra de endereços.

Anónimo disse...

Parece-me que se for colocado http://static.publico.clix.pt/docs/imagens/mariakeil vê-se quase de imediato o vídeo.

A Maria Keil tem razão "Há ouro por causa das pessoas boas".

Manuel Ramos disse...

É verdade.
Apetece parafrasear Sttau Monteiro e dizer: "Felizmente há ouro!"

Anónimo disse...

Morreu o Paulo Gonçalves!
Foi a notícia que as minhas colegas da CMSilves me deram hoje, no final da manhã. Ou antes, tentaram dar-ma, porque, pela introdução da conversa, eu adiantei-me e adivinhei o que tentavam dizer-me.
Falando com uma colega dizia-lhe eu aquela frase já feita, banal, mas certa, de que "não somos nada na vida", quando de repente alguém que não tem esse direito se intrometeu e nos cortou a ligação.
Primeiro, foi o choque da notícia, e só pensei no Paulo. Mas ia de seguida falar da enorme dor que os pais deverão estar a sentir neste momento; sobretudo pensei na mãe, senhora que eu conheci.
O Paulo Gonçalves era de perto de S.B. de Messines, e foi meu colega quando, pela primeira vez, ele veio trabalhar para a Câmara, onde nos juntámos no Gabinete Jurídico.
Por várias circunstâncias, cheguei a pensar ser ele também "um protegido pelo sistema". Mas não é isso que está agora em causa. Ele era simpático, de trato afável, muito trabalhador, e, sobretudo, um jovem na flor da vida! E é isso que mais custa!
Organizava passeios em fins-de-semana, e foi com ele que pela primeira vez visitei determinados lugares, como Monsaraz, Castelo de Vide (onde me encantei com a Mouraria), etc. Foram muitos os lugares visitados. Eram passeios bem organizados e baratos, e a mãe, sra. simpática, que nos acompanhou algumas vezes, levava bolo caseiro, feito por ela, que distribuía por todos nós.
Para ela e toda a restante família eu envio um abraço de muita solidariedade por este momento por que estão passando, e pelos próximos, que serão muito difíceis.

Lamento que este não tenha sido um "comentário e pêras", como o da Maria Antónia. Também vi o vídeo que esta sra. recomendou, e ontem estava de acordo com ela e Maria Keil, em que os bons talvez se transformassem em ouro.
Será que o Paulo Gonçalves se irá transformar em ouro? Espero bem que não: é que a ganância desenfreada de algumas pessoas, que são capazes de enterrar os vivos, também poderia fazer com que desenterrasem os mortos, para se apropriarem daquele metal. Porque, afinal, são apenas "sete palmos de terra"...

Anónimo disse...

Quanto ao "felizmente há ouro", eu não o sabia tão apreciador deste metal, e tão materialista!
Eu li há muitos anos, de Luís de Sttau Monteiro, "Felizmente há Luar", de que muito gostei, tanto que não consegui esquecer a peça, a beleza que o autor lhe consegue imprimir, e ao lindo amor existente entre Gomes Freire (que acaba mal) e a sua fiel companheira. Parece-me que se chamava Matilde (?).
Gostei tanto que o emprestei, como a muitos outros, e que penso que não vou reavê-los. É que há pessoas que se apropriam indevidamente daquilo que não lhes pertence e que tardam em devolver...

Anónimo disse...

Maria Lúcia

Felizmente há luar! Felizmente há ouro.
Felizmente há pessoas boas!
Desconheço o que acontece às más quando as suas vidas chegam ao fim mas parece-me que serão infinitivamente más.
Em minha humilde opinião, Maria Keil tem razão, as pessoas boas são valiosíssimas tal como o ouro.
Manuel Ramos tem também razão "Felizmente há ouro!"

As suas razões, Maria Lúcia, também as conheço e compreendo-as.

Anónimo disse...

Desejo fazer uma correcção, ao meu comentário sobre o Paulo Gonçalves: em Castelo de Vide não visitámos a Mouraria, que penso não existir lá, mas sim a Judiaria (bonita, preservada, as casas bem recuperadas, as ruas floridas, a Sinagoga...). Os Judeus perseguidos em Espanha atravessavam a fronteira, que fica relativamente perto, e reuniam-se naquela zona.
Mas parece que estou a "ensinar o Padre-Nosso ao Padre-Cura"...

Anónimo disse...

Maria Antónia,
Parece saber muito de mim quando afirma: "as suas razões, Maria Lúcia, também as conheço e compreendo-as".
Já agora esclareça-me uma coisa, s.f.f.: refere-se às razões aqui expostas, ou a outras ainda?
É que me parece que não a conheço. Mas às vezes há surpresas...
O nosso anfitrião ficou calado. Não terá nada mais para acrescentar?

Manuel Ramos disse...

Acrescento quando tenho algo para dizer. Quando não tenho, sou mero espectador...
Entretanto já escrevi dois novos textos!

Anónimo disse...

Maria Lúcia

Os mundos real e virtual são demasiado pequenos e às vezes há surpresas (sorrio).
Ainda bem que existe este Saco dos Desabafos.
Leio-o diariamente, embora raramente ou nunca aqui escreva.

Conheço-a bem, Maria Lúcia.
Conheço a maioria das razões que tem vindo aqui desabafar.
A Maria Lúcia merece todo o meu respeito, escreve o que lhe vai na alma e no corpo.
As suas razões merecem,também, todo o meu respeito.
...............................

Foi por mero acaso que descobri o site http://static.publico.clix.pt/docs/imagens/mariakeil, parece-me que contribui para acrescentar algo ao post de Manuel Ramos sobre Maria Keil.
"Santos da Casa não fazem milagres", é verdade.
Silves não reconhece os seus filhos. É triste!

Anónimo disse...

Maria Antónia,
Fico com a vaga sensação de que é tão Antónia quanto eu, ou se será ao menos uma Maria, ou um José...
De qualquer forma, penso que devo agradecer-lhe as palavras que me dirigiu, e que considerei como um elogio (não é vaidade minha, não?).
De resto, desejo-lhe felicidades, e vou tentar remeter-me ao sábio silêncio do Mestre... porque afinal é com eles que a gente aprendre...

Anónimo disse...

Então e não poderá um grupo de cidadãos de Silves reunir-se, à margem das instituições - que já sabemos que se não funcionam, não funcionam... (infelizmente ou porque NÓS deixamos ?)e fazer a merecida homenagem ?

Manuel Ramos disse...

Com certeza, nada que já não tivesse sido feito (José Vitoriano, p.ex. e outros). O problema é ficar a saber quem se chega à frente, porque quanto a mobilizar pessoas estamos hoje muito pior do que estávamos há alguns anos...