«Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir.»
George Orwell (1903-1950)
domingo, janeiro 13, 2008
Nostalgias
- Praia de Armação de Pêra (anos 60) - Foto Custódio (Silves)
- Chalet de Gregório Mascarenhas em Armação de Pêra- Foto Custódio (Silves)
12 comentários:
Anónimo
disse...
Sr. Vereador, Este chalet que o Sr. aqui tem, e diz ser de Gregório Mascarenhas, ainda existe? O nome dele era só esse, ou era Gregório Nunes Mascarenhas? Isto faz lembrar aquela grande casa sobranceira ao mar, pintada de vermelho, que parece que era dos Vascocelos. Agradeço a informação que possa dar-me. Os meus cumprimentos.
Não, já não existe. Como muitas outras coisas em Armação,soçobrou ao imobiliário. O seu proprietário e provavelmente desenhador foi, de seu nome completo, Gregório Nunes Mascarenhas Netto (Mascarenhas Gregório, como a certa altura quis ser conhecido). Proprietário e fundador da actual Fábrica do Inglês, fundador do velho casino de Armação, do Teatro Mascarenhas Gregório em Silves, do edifício camarário, do chalet à entrada das Caldas, enfim, outras coisas... A sua localização, como se constata pela imagem, era bem perto do Chalet Vasconcelos (ainda existente e dos mesmos), um pouco mais a Noroeste. A rua que ali passa conserva ainda o seu nome. Espero ter ajudado.
Mas ele só assinava Gregório Mascarenhas, não era? E o facto de ter passado a preferir Mascarenhas Gregório, seria aquilo que hoje se poderia considerar um "anglicanismo", passe a expressão. Ou não? Ele era proprietário da fábrica, ou tinha lá apenas uma quota representada pela sua participação no investimento com o terreno para a construção da mesma fábrica?
Sim,assinou Gregório Mascarenhas até 1910, 1911, não posso agora de memória precisar. Mas já em 1909, data da inauguração do teatro, é assim que fica registado o seu nome na placa inaugurativa (que pode ter sido colocada posteriormente!). Não se tratou de nenhum anglicismo. Uma simples zanga familiar deu esse resultado. É essa a razão da alteração, nas suas próprias palavras (que eu tive oportunidade de ler)dirigidas ao director de um banco de que era cliente. Gregório Mascarenhas era proprietário de um terço da fábrica e foi ele que disponibilizou o terreno para a sua construção. Aliás, esta fábrica sucedia a outra que herdara (localizada onde hoje é o quartel da GNR e em frente da sua casa, actual associação de regantes).Os seus outros sócios eram Henri Avern (inglês) e Arturo Barris (catalão). Só a partir de 1908, quando Victor Sadler se torna seu director (por indicação dos Avern) e GM se afasta progressivamente, é que a empresa começa a ser designada por "Fábrica do Inglês" ou "Fábrica Inglesa". Espero ter ajudado.
Muito obrigado pela ajuda, Sr. Vereador. Eu sou um simples curioso, que de vez em quando leio umas coisas, que associo a outras que fui ouvindo ao longo da vida. E também o avisei de que era ignorante. O Sr. bondosa e discretamente, é que me corrigiu o termo, que afinal era anglicismo e não anglicanismo. Eu tinha as minhas dúvidas, vi logo que o Sr. era a pessoa indicada para as esclarecer. Os meus respeitosos cumprimentos.
Todo o concelho tem sido vítima da descaracterização e falta de planos de urbanismo, mas Armação de Pêra é gritante, aquilo que poderia ser uma pitoresca avenida povoada de curiosos edifícios deu lugar ao que se conhece. Apesar de me parecer um pouco melhor planeadas, as zonas urbanizadas mais novas ainda continuam a ser desagradáveis à vista e um cartão de visita nada positivo para o litoral do concelho de Silves.
Gostava de saber se existe algum motivo histórico, para a arquitectura do chalé dos Caldas e Vasconcelos, em Armação de Pêra?
Considero este chalé um grande monumento histórico para a vila de Armação de Pêra, e gostava muito de perceber:
- Se existe algum marco histórico para a sua construção (que admito ser muito antiga e original).
- Se foi também construída no século XVII como a fortaleza de Armação.
- Se está de alguma forma relacionada com o chalé do Gregório Mascarenhas (que pelo que vi nos registos aqui efectuados, não é a mesma casa).
- E se existe algum registo, no sentido do projecto ter sido idealizado por algum rei, ou se foi simplesmente pensado por alguém que apenas gosta do mar e que optou por construir aquela casa da forma como está.
Pouco sei sobre o chalet Vasconcelos. Mas não pertencia a Gregório Mascarenhas. Sobre ele e o chalet que perto construiu já escrevi nos comentários anteriores. Quanto à sua arquitectura, inspira-se numa corrente revivalista muito presente em finais do século XIX e primeiro terço do séc. XX. A data da sua construção não sei qual foi, mas inclino-me a pensar nos finais dos anos trinta, princípios de quarenta do séc. XX. Mero palpite, meu caro. Como lhe disse, pouco sei sobre essa construção. Espero, ainda assim, ter sido útil.
Terei que corrigir o palpite lançado no último comentário. Não deverá ser construção posterior a 1922, já que essa foi a data da morte de G.N.Mascarenhas. E também, porque a moda revivalista (aqui um pouco neo-gótica)é sobretudo mais do início do século XX.
12 comentários:
Sr. Vereador,
Este chalet que o Sr. aqui tem, e diz ser de Gregório Mascarenhas, ainda existe? O nome dele era só esse, ou era Gregório Nunes Mascarenhas?
Isto faz lembrar aquela grande casa sobranceira ao mar, pintada de vermelho, que parece que era dos Vascocelos.
Agradeço a informação que possa dar-me.
Os meus cumprimentos.
Não, já não existe. Como muitas outras coisas em Armação,soçobrou ao imobiliário. O seu proprietário e provavelmente desenhador foi, de seu nome completo, Gregório Nunes Mascarenhas Netto (Mascarenhas Gregório, como a certa altura quis ser conhecido). Proprietário e fundador da actual Fábrica do Inglês, fundador do velho casino de Armação, do Teatro Mascarenhas Gregório em Silves, do edifício camarário, do chalet à entrada das Caldas, enfim, outras coisas...
A sua localização, como se constata pela imagem, era bem perto do Chalet Vasconcelos (ainda existente e dos mesmos), um pouco mais a Noroeste. A rua que ali passa conserva ainda o seu nome.
Espero ter ajudado.
Mas ele só assinava Gregório Mascarenhas, não era? E o facto de ter passado a preferir Mascarenhas Gregório, seria aquilo que hoje se poderia considerar um "anglicanismo", passe a expressão. Ou não?
Ele era proprietário da fábrica, ou tinha lá apenas uma quota representada pela sua participação no investimento com o terreno para a construção da mesma fábrica?
Sim,assinou Gregório Mascarenhas até 1910, 1911, não posso agora de memória precisar. Mas já em 1909, data da inauguração do teatro, é assim que fica registado o seu nome na placa inaugurativa (que pode ter sido colocada posteriormente!). Não se tratou de nenhum anglicismo. Uma simples zanga familiar deu esse resultado. É essa a razão da alteração, nas suas próprias palavras (que eu tive oportunidade de ler)dirigidas ao director de um banco de que era cliente.
Gregório Mascarenhas era proprietário de um terço da fábrica e foi ele que disponibilizou o terreno para a sua construção. Aliás, esta fábrica sucedia a outra que herdara (localizada onde hoje é o quartel da GNR e em frente da sua casa, actual associação de regantes).Os seus outros sócios eram Henri Avern (inglês) e Arturo Barris (catalão). Só a partir de 1908, quando Victor Sadler se torna seu director (por indicação dos Avern) e GM se afasta progressivamente, é que a empresa começa a ser designada por "Fábrica do Inglês" ou "Fábrica Inglesa".
Espero ter ajudado.
Muito obrigado pela ajuda, Sr. Vereador. Eu sou um simples curioso, que de vez em quando leio umas coisas, que associo a outras que fui ouvindo ao longo da vida. E também o avisei de que era ignorante. O Sr. bondosa e discretamente, é que me corrigiu o termo, que afinal era anglicismo e não anglicanismo.
Eu tinha as minhas dúvidas, vi logo que o Sr. era a pessoa indicada para as esclarecer.
Os meus respeitosos cumprimentos.
Todo o concelho tem sido vítima da descaracterização e falta de planos de urbanismo, mas Armação de Pêra é gritante, aquilo que poderia ser uma pitoresca avenida povoada de curiosos edifícios deu lugar ao que se conhece. Apesar de me parecer um pouco melhor planeadas, as zonas urbanizadas mais novas ainda continuam a ser desagradáveis à vista e um cartão de visita nada positivo para o litoral do concelho de Silves.
Abraço
Concordo, caro Marco, e obrigado pela passagem por aqui.
Boa tarde Sr. Vereador,
Gostava de saber se existe algum motivo histórico, para a arquitectura do chalé dos Caldas e Vasconcelos, em Armação de Pêra?
Considero este chalé um grande monumento histórico para a vila de Armação de Pêra, e gostava muito de perceber:
- Se existe algum marco histórico para a sua construção (que admito ser muito antiga e original).
- Se foi também construída no século XVII como a fortaleza de Armação.
- Se está de alguma forma relacionada com o chalé do Gregório Mascarenhas (que pelo que vi nos registos aqui efectuados, não é a mesma casa).
- E se existe algum registo, no sentido do projecto ter sido idealizado por algum rei, ou se foi simplesmente pensado por alguém que apenas gosta do mar e que optou por construir aquela casa da forma como está.
Obrigada pela atenção,
Inês
Quem era o Sr. Gregório Mascarenhas? O que fazia ele? Este paacete era dele?
Obrigado
Pouco sei sobre o chalet Vasconcelos. Mas não pertencia a Gregório Mascarenhas. Sobre ele e o chalet que perto construiu já escrevi nos comentários anteriores. Quanto à sua arquitectura, inspira-se numa corrente revivalista muito presente em finais do século XIX e primeiro terço do séc. XX. A data da sua construção não sei qual foi, mas inclino-me a pensar nos finais dos anos trinta, princípios de quarenta do séc. XX. Mero palpite, meu caro. Como lhe disse, pouco sei sobre essa construção.
Espero, ainda assim, ter sido útil.
Terei que corrigir o palpite lançado no último comentário. Não deverá ser construção posterior a 1922, já que essa foi a data da morte de G.N.Mascarenhas. E também, porque a moda revivalista (aqui um pouco neo-gótica)é sobretudo mais do início do século XX.
O chalé, segundo vires no site da Câmara se não me engano, é de 1904, se assim for tem 110 anos de vida.
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