terça-feira, abril 19, 2011

A propósito do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios

Na passada segunda-feira, dia 18 de Abril, foi Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. Por coincidência, ou não, terminei nesse dia o resumo para a apresentação que irei fazer no Encontro de Portimão, do próximo dia 3 de Junho, subordinado ao tema "Áreas industriais e comunidades operárias".
Irei aproveitar para, mais uma vez, dar voz ao abandonado e silencioso Museu da Cortiça e ao seu espaço vital, a Fábrica do Inglês.
Aqui deixo o aperitivo: 

PATRIMÓNIO INDUSTRIAL CORTICEIRO EM RISCO: o caso da Fábrica do Inglês
 Aquele que é o mais bem preservado núcleo do património corticeiro português do século XIX, quiçá também mundial, está hoje em risco de degradação e abandono.
Não exageramos, já que a Fábrica do Inglês, em Silves, conserva em várias aspectos características que fazem deste conjunto um exemplar único entre a herança industrial corticeira neste país, actual líder destacado no sector. No que respeita à sua arquitectura, no essencial hoje preservada, e já de si inédita no mundo industrial oitocentista; no que respeita à tecnologia, testemunha da passagem da manufactura para a maquinofactura, com exemplares únicos ou raríssimos da evolução da transformação da cortiça; no que respeita à memória documental, ou de arquivo, seja pelas peças artesano/industriais que possui, seja pela antiguidade e importância da sua documentação escrita que remonta aos inícios do último quartel do século XIX. Enfim, pelo facto de se constituir como última memória dum passado industrial duma cidade que se notabilizou pelo seu movimento operário e político durante o Estado Novo.
A Fábrica do Inglês e o seu museu é tudo isso. É assim urgente acudir à sua eventual degradação perante as dificuldades financeiras da sociedade anónima que a detém. Ainda que tenha sido esta, em boa hora, quem acorreu à preservação de um património em vias de se perder, aliando então de forma praticamente inédita a cultura ao turismo/lazer, é hoje evidente que a mesma sociedade já não possui a capacidade para o fazer. A recente classificação da Fábrica do Inglês como imóvel de interesse concelhio, embora aquém da importância que verdadeiramente tem, confere-lhe porém, um estatuto de protecção que deverá ser agora utilizado pelas autoridades públicas, designadamente a Câmara Municipal de Silves, mas não só, para colocarem a salvo aquilo que é, no meu entender, um património histórico/industrial que não podemos, neste Portugal da cortiça que somos, nos dar ao luxo de perder.

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